Saiba sobre o trabalho como ghostwriter e como converter ideias em livros de alto impacto.
Você já ouviu falar em ghostwriter? Em primeiro lugar, é importante mencionar que o Ghostwriting, em termos simples, é o trabalho de escrever um livro para alguém que não irá escrevê-lo sozinho.
Mas engana-se quem pensa que esse processo é apenas colocar palavras no papel. Na verdade, um bom ghostwriter ajuda o autor a organizar suas ideias, construir um roteiro coerente e estruturar a narrativa. Ou seja, ele ajudará a garantir que o conteúdo tenha valor, fluidez e impacto, sempre de maneira autêntica.
Para abordar esse tema e para te ajudar a mergulhar realmente neste universo, nós mergulhamos no assunto, além de contar com a expertise da Dani Folloni, que é uma das ghostwriters mais requisitadas do mercado editorial.
Ghostwriter: o que é e o que realmente faz?
O ponto central é: o conteúdo é do autor, mas a estrutura, o tom, a fluidez e a técnica narrativa são responsabilidades do ghostwriter. Essa parceria é especialmente comum em livros de não ficção — biografias, livros técnicos, obras de desenvolvimento pessoal, entre outros.
Portanto, ele não inventa nada. Tudo vem do autor: as ideias, os conceitos, os aprendizados. O ghostwriter é quem traduz esse conteúdo para o formato certo.
Assim, isso pode acontecer de diferentes formas. Em alguns casos, o ghostwriter escreve o livro do início ao fim com base em entrevistas e materiais fornecidos pelo autor. Em outros, é feito a quatro mãos, com o autor escrevendo parte e o ghost cuidando da edição e organização.
Um pouco do processo
Imagine o seguinte cenário: você é um executivo (ou médico, consultor, advogado, etc) e gostaria de transformar sua metodologia, forma de trabalho ou ideias em um livro.
Você é ótimo na sua área de atuação, mas nunca escreveu um livro antes, e nem sabe por onde começar. Será que você é a melhor pessoa para transformar todo esse conhecimento em texto?
É muito comum ver profissionais de carreiras como essas contratarem ghostwriters. Seja por falta de tempo ou simplesmente por saber que um especialista faria um melhor trabalho transformando esses conhecimentos em um texto fluído.
Assim, esse trabalho começa com uma série de entrevistas. O autor compartilha seu repertório, suas vivências, o que aprendeu, o que quer ensinar.
A partir disso, fica mais fácil compreender o papel do ghostwriter. Assim, ele organiza esse material, estrutura capítulos, define os temas centrais e constrói uma narrativa pensada para conectar o leitor.
Além disso, em muitos casos, atua também como editor, revisor ou consultor de conteúdo.
Há ainda situações em que o autor já escreveu parte do livro, mas sente que precisa de ajuda para finalizar, revisar ou até reorganizar o que foi escrito. Nestes casos, o trabalho do ghost pode ser mais pontual, mas igualmente estratégico.
Vale destacar ainda que cada projeto é único, mas o fluxo costuma seguir uma lógica semelhante:
- Entrevistas iniciais para captar o conteúdo bruto.
- Criação de um roteiro (estrutura do livro) aprovado em conjunto com o autor.
- Escrita de um primeiro capítulo para alinhar tom e voz.
- Desenvolvimento do texto completo, em camadas e com ajustes.
Entrega do manuscrito final, já revisado, pronto para ser entregue à editora ou autopublicado.
Um livro pode levar de 4 a 6 meses para ficar pronto, dependendo da disponibilidade do autor, da complexidade do tema e do volume de conteúdo.
Além disso, esse trabalho exige técnica, sensibilidade e uma escuta ativa.
Mais do que apenas escrever, o trabalho do ghostwriter envolve uma compreensão profunda de conteúdo, contexto e, principalmente, da voz do autor.
Segundo Dani Folloni, o trabalho consiste, em “ajudar a escrever. Mas é mais que técnica. É sobre entender o que vai funcionar para aquele autor, naquele momento.”
Portanto, envolve o entendimento do público-alvo, o posicionamento de mercado e a construção de uma estrutura narrativa. Ou seja, atributos que ajudem a engajar e entregar valor. Isso sem contar uma comunicação estratégica na veia.
Confiança, ética e contrato
Uma das dúvidas mais comuns sobre ghostwriting é sobre a autoria: “O livro é mesmo do autor, se alguém ajudou a escrever?” A resposta é sim.
Isso porque todo conteúdo vem do autor — o ghostwriter apenas organiza e traduz isso em texto. O que é acordado entre as partes é selado em contrato, com cláusulas que garantem sigilo e cessão de direitos autorais. O nome do ghost não aparece (a menos que seja uma coautoria combinada).
A relação entre autor e ghostwriter precisa ser pautada por confiança mútua. Afinal, o ghostwriter vai conhecer a fundo a história, os pensamentos e até as vulnerabilidades do autor.
Por isso, contratos são essenciais para garantir segurança jurídica para as duas partes. Eles estabelecem que os direitos autorais são do autor e asseguram que o ghost não reivindicará a obra no futuro.
O que faz um bom ghostwriter?
Mais do que saber escrever bem, um bom ghostwriter precisa ter:
- Técnica de escrita específica para livros.
- Repertório. Para identificar quando uma ideia é nova, relevante, ou apenas mais do mesmo.
- Capacidade de escuta. Para entender o autor, suas intenções, sua linguagem.
- Empatia. O ghost precisa “entrar” na cabeça do autor — e sair do próprio ego.
- Humildade intelectual. Nem sempre você vai entender tudo de cara, e tudo bem.
- Senso crítico. Para sugerir cortes, ajustes e aprofundamentos.
E o mérito da obra?
Muita gente ainda acha que contratar um ghostwriter “tira o mérito” do autor. Isso não poderia estar mais longe da realidade.
Na verdade, o ghostwriter é um facilitador. Ele ajuda autores com pouco tempo, pouca habilidade de escrita ou pouca clareza de estrutura. Ou seja, ele contribui na hora de colocar suas ideias no papel de forma eficaz e atraente.
O ghost não cria do nada — ele traduz ideias, experiências e conhecimentos para o formato livro.
Cuidados ao contratar um ghostwriter
Existem muitos profissionais no mercado que se intitulam como ghostwriters, mas é preciso tomar muito cuidado, pois muitos deles não possuem a experiência necessária para exercer essa função com qualidade.
Isso pode resultar em um livro mal escrito que pode prejudicar o acesso do autor não só ao seu público, mas também às grandes editoras.
Aqui vão algumas dicas para identificar e contratar bons ghostwriters:
- Não use a internet como mecanismo de busca. Dê preferência a indicações de amigos ou editoras com experiência na sua área. (No Guia de Parceiros do Método The Book Business temos também a recomendação de bons profissionais)
- Cuidado com ghostwriters cujo trabalho se resume a transcrever entrevistas, palestras ou reuniões. Isso é parte do processo, mas não representa nem 10% do trabalho na sua totalidade. Alguns profissionais que cobram muito abaixo do padrão do mercado baseiam seu trabalho nessa mera transcrição.
- Não confie em ghostwriters que nunca trabalharam com grandes editoras. Essa experiência mostra que seu trabalho já foi validado por editoras com relevância editorial. O ghostwriter nunca vai revelar para qual autor trabalhou (exceto caso o próprio autor tenha autorizado), mas ele pode te indicar a editora que o publicou, e você pode pedir essa referência direto a eles sem que o nome do autor seja mencionado.
- Busque ghostwriters que já trabalharam em livros da mesma área que o seu projeto. A fluência desse autor nessa área pode não só facilitar o andamento do projeto, mas também tornar a obra ainda mais atrativa para o público.
Quanto custa contratar um ghostwriter?
Em primeiro lugar, é importante reforçar que os valores variam bastante e dependem da experiência do profissional. Além disso, é preciso levar em conta o tamanho e a complexidade do projeto.
Por exemplo, um livro de não ficção feito do zero pode começar em torno de R$ 15 mil. Mas projetos mais robustos ou com autores já posicionados podem ultrapassar os R$ 50 mil com facilidade.
Segundo Dani Folloni, “é como um cirurgião: tem os que cobram R$ 5 mil e os que cobram R$ 50 mil. Você escolhe quem quer te operar.”
E para quem quer ser ghostwriter?
Se você gosta de escrever, se interessa por narrativas de não ficção e tem um olhar curioso sobre o mundo, o ghostwriting pode ser uma carreira fascinante.
Aliás, muitos ghostwriters começaram escrevendo artigos, posts e conteúdo para especialistas. Em dado momento é natural que isso evolua para livros.
“Você tem que entender de técnica de escrita de livro, não basta apenas saber escrever (…) Você pode começar bem orientado por uma editora, fazer um livro redondinho, de repente uma biografia (…) Começar escrevendo artigos para influenciadores, no LinkedIn, por exemplo, já é um começo.”, reforça Dani Folloni.
Comece adquirindo técnica de escrita para livros, mergulhe em leituras críticas, construa repertório e, se possível, comece com pequenos projetos: perfis, artigos, roteiros de conteúdo para especialistas.
Ghostwriter: um arquiteto de palavras!
O ghostwriter é quem pega um monte de peças soltas — ideias, histórias, conceitos, aprendizados — e transforma em algo legível, coerente e relevante.
Portanto, ele pode ser considerado um arquiteto silencioso por trás de muitos dos livros que você vê por aí. E, justamente por isso, seu trabalho é essencial.
Há uma tendência em alguns casos de ghostwriters assinarem como coautores, especialmente quando o trabalho é mais colaborativo. Mas isso é sempre acordado entre as partes e não é uma regra.
Como resultado, o ghostwriting continua sendo, na maioria das vezes, um trabalho nos bastidores. Discreto, mas extremamente valioso.
Se você chegou até aqui, já entendeu que o ghostwriter vai muito além de escrever para outro. É um trabalho técnico, sensível e de grande responsabilidade.